O início da bateria se dá nos EUA, portanto os kits que você verá não são encontrados no Brasil, pois a bateria chegou mais tarde por aqui. Lá nos EUA, as primeiras baterias modernas surgem na década de 20. Modernas pois já vinham com estante de caixa e pedal de bumbo, peças que não existiam antes. O bumbo, antes disso, era tocado com o pé ou baqueta e a caixa segurada com talabarte, herança das bandas marciais que forneceram parte das peças que criaram a bateria moderna.
As primeiras baterias eram montagens muito criativas que geralmente incluíam tons chineses, blocos de madeira, címbalos do tipo China, os "low boys" ou "címbalos de meia" que precediam o moderno chimbal. E, claro, os grandes tambores e tarolas nas pequenas e finas estantes.
Aqui estão as vistas frontal e traseira de um belo kit antigo de 1930 que apresenta um design de "mulher aranha" na cabeça (pele) do bumbo. Vemos o familiar tom chinês, o pequeno bloco de madeira dupla que também era comum em kits desta época, o misterioso prato de pé montado no canto da pele de ataque do bumbo, um prato tipo China suspenso e um pandeiro. E a caixa, claro. Observe também o silenciador e o livro de instruções do bumbo!
Abaixo podemos ver outro lindo kit antigo de 1929, feito por Ludwig e Ludwig. Pintura artesanal na pele do bumbo como era comum na época. O acabamento (superfície externa do bumbo e caixa) é chamado "Pérola de Pavão". A peça vermelha é o tom chinês. Dentro do pandeiro vemos algum tipo de sinete grande montado em um cabo de madeira. E há aquele prato montado no bumbo, logo à direita do pedal do bumbo.
Na imagem seguinte, uma foto moderna de um kit antigo que quase certamente foi montado a partir de partes distintas que originalmente não estavam juntas nesta forma (originalmente esses kits eram mais simples, como as imagens de cima). Mas quem quer que o tenha juntou ficou com itens vintage: quatro tom-toms chineses (bastante grandes, especialmente aquele que fica em pé e que está visível e na posição em que encontraríamos um tom moderno tipo surdo) , um conjunto de blocos de templos (parecendo novos ou restaurados), uma mesa de percussão (trap, em inglês) para pequenas percussões e outros, e alguns pratos, incluindo um tipo chinês.
Observe o bumbo brilhante: por dentro há uma lâmpada, que, além de deixar o tambor bem legal, serviu à finalidade prática de manter as cabeças do bumbo aquecidas, portanto, mais apertadas. Era uma forma de se manter a afinação desejada, pois as pelas de animais eram muito sensíveis a temperatura.
O sistema de afinação nos velhos tambores eram com corda, como em muitos instrumentos de percussão utilizados atualmente. A corda se dividia nos dois segmentos superiores, formando a forma da letra Y. Nesse ponto, há uma manga de couro em forma de leque que a corda está passando através. Esta manga pode ser deslizada ao longo do comprimento do cabo, para apertar ou diminuir a tensão.
Agora, mais um ponto de interesse: uma certa tecnologia obscura que estava em uso nas baterias da época: dê uma olhada no pedal do bumbo nas imagens acima. Especificamente, na haste de metal que vai do pedal até a bola do batedor. Lá você verá um pequeno pedaço de metal curvo, a cerca de um terço do caminho da haste do batedor. Isso tocaria o pequeno prato que você vê montado no bumbo logo à direita do pedal do bumbo. Engenhoso! O baterista poderia obter dois sons com um golpe do pé. Mas, pensando um pouco mais, você poderia imaginar que o baterista poderia ter quatro sons. Como assim? Depende se o impacto do pé do baterista é uma recuperação rápida (o que faz o bumbo e o prato ressonarem e tocarem, respectivamente) ou se o seu strike "permanece" no tambor e prato, o que resulta em um tom mais suave do bumbo e um som entupido (mais parecido com um chimbal fechado) do címbalo. Também o metal curvo podia ser girado para dentro ou para fora da posição de tocar, de modo que o prato não soaria nada se o baterista não quisesse.
Na imagem abaixo, vamos observar os vários itens de percussão incluídos neste kit: há um prato suspenso tipo China e dois (ou são três) cowbells, além de um bloco de madeira montado no topo do bumbo. Em seguida, há um triângulo pendurado na frente da cabeça do bumbo para o lado esquerdo e, anexado ao lado direito, um item de percussão cujo design permaneceu praticamente inalterado ao longo das décadas: é uma catraca, tocada por uma manivela pequena. A catraca é afixada no aro do bumbo por meio de um parafuso.
Note também o gongo ao lado da parede. Agora vamos dar uma olhada mais de perto no anexo do pedal do bumbo que falamos logo acima.
A imagem mostra que algumas pessoas estavam experimentando e sendo criativas desde o início. É claro, a criatividade é inerente à condição humana. Além dos itens familiares que vimos até agora, este kit ostentava uma catraca, buzinas triangulares, um grande sino pendurado, um pandeiro, um par de instrumentos de percussão um par de pequenos gongos e diversos sinos. E esse deve ser o maior prato usada nesta época.
Agora observem a imagem abaixo. Dê uma olhada nesse pedal de bumbo! Observe a caixa, que não está em seu próprio suporte, mas sim presa ao bumbo. Isso significa que o talabarte estava sendo aposentado e a estante de caixa estava para ser inventada logo (uma transição). Essa tarola (caixa), a propósito, é muito antiga. Apenas cinco garras de afinação e as que funcionam com manivela. Observe também que tem aros de madeira e peles de bezerro.
Há um braço em forma de T montado no bumbo (preso ao aro) fazendo o trabalho triplo: segurando um pequeno prato suspenso, triângulo e bloco de madeira. Também um pandeiro é montado no bumbo.
Estranhamente, o prato montado na bateria do bumbo tem seu próprio pedal dedicado, o que significa que o baterista teria que tirar o pé direito do pedal do bumbo para tocar o prato do pé. Não é uma ideia particularmente elegante. Eu imagino que um baterista destro teria montado este prato e pedalaria no lado esquerdo do bumbo.
(OBS: ESSA POSTAGEM ESTÁ EM PROCESSO DE PESQUISA, LOGO TEREMOS MAIS CONTEÚDO!)