sexta-feira, 21 de abril de 2023

COZY POWELL, UM DOS MAIORES BATERISTAS DE TODOS OS TEMPOS.

 

Um gigante com vários braços, o que lhe garantiu o apelido de polvo (“octopus”, em inglês) muito antes de o brasileiro Aquiles Priester também ser agraciado com a alcunha. Seu talento era imenso, tão grande quanto sua capacidade de arrumar confusão e inimizades conta de seu ego.

O britânico Cozy Powell teria 75 anos se não tivesse espatifado seu veloz Saab em uma estrada do interior inglês em 1998. Adorava a velocidade até mais do que a sagrada bateria. Estava ao celular com a namorada na hora do acidente – e dizem que não usava cinto de segurança. 

São 25 anos sem um dos mestres da bateria, um talento nato e um instrumentista rigoroso, genial e genioso, a ponto de ousar peitar nomes consagrados como Ritchie Blackmore (Deep Purple), Tony Iommi (Black Sabbath) e Ronnie James Dio (Rainbow, Black Sabbath e Dio).

Era tão criticado quanto requisitado. Teve momentos brilhantes na segunda formação de Jeff beck Group no início dos anos 70, mas não engoliu a abrupta mudança de ideia do patrão, que decidiu acabar com a banda para criar o Beck, Bogert and Appice.

Versátil e com a mão pesada, criou o Bedlam, banda de rock pesado que não teve a repercussão pretendida, embora o prestígio entre os músicos fosse bem grande. Foi o que lhe rendeu um convite em 1976 para entrar no Rainbow, de Ritchie Blackmore.

Era o motor da banda e gravou clássicos da história do rock, ainda que a inimizade com Ronnie James Dio se tornasse eterna. Os dois não duraram muito no Rainbow e o baterista logo partiu para uma carreira solo errática enquanto tocava com meio mundo.

Em 1985, foi surpreendido com o convite para assumir o P de Emerson, Lake and Palmer. Este último não conseguiu se livrar de compromissos com o Asia e teve de declinar. 

“Emerson, Lake and Powell” durou apenas um disco e uma turnê em 1986. O resultado foi bom, em todos os sentidos, mas não o suficiente para que houvesse a continuidade do projeto. Powell evirou críticas diretas, mas deixou claro que não a ver o seu estilo com o progressivo arrogante e aspirante a erudito.

Tanto é verdade que assumiu a bateria do Black Sabbath em 1988 para dois discos – e gravaria o terceiro, “Dehumanizer”, em 1992, se não tivesse sofrido um grave acidente durante um passeio a cavalo. Seria o baterista mesmo com com a oposição do desafeto Dio.

Cozy Powell foi referência na bateria de hard rock e rock clássico para pelo menos duas gerações de músicos, sendo que muitos o chamavam de “mestre” ou “professor”.

As comparações sempre foram impertinentes, mas houve quem o achasse uma mistura de John Bonham (Led Zeppelin) e Keith Moon (The Who). 

Audacioso, impertinente e falastrão, não deixava nada pela metade ou não dito e se irritava profundamente quando não era creditado nas composições, já que pregava que todo músico que contribuísse criativamente e não apenas reproduzisse o que lhe mandavam acrescentava algo – e merecia ser creditado e receber royalties. Sua bateria e seu estilo inconfundível estão em algumas das melhores musicas que amamos